domingo, 1 de fevereiro de 2015

(Trans)parecer Semântico

O respaudo do meu olhar
A te observar
- Embriaguez -

O veneno de teus frutos
A insustentável fluidez de teus desejos
- Fortuitos -

São apenas resquícios de noites de outrora
Volúpia
Vinho
Prazer
Blasfêmia
- Glória -

Teu corpo difuso
De certa maneira maligno
Como um súcubo agoniado
Vem ao meu quarto incendiado
- Queimando! –

Tuas formas sinuosas luxuriantes
Impregnadas em minha pele bruxuleante
Permanecem pecaminosas e constantes
Mais uma vez um sussurro confuso
Desejo gritante, angustiante
- A porta de Notre-dame –
Avante, meu amante!

Útero molhado, romântico
Semear de demônios
Anjos sensuais
Todo o vício semântico

Sentimento oceânico
Um murmurar entrelaçado
Quântico

Uma marca de lingerie
A química pura
Um proferir embriagante
Hálito de álcool com batom...
“mon cheri”

Toque transcendental, bestificante
- Amor –
Desmanche de convenções hilariantes
Ousadia sinestésica
- Torpor -

Rainha ousada e pedante da luxúria
Olhos malignos e possuídos
Minhas lamúrias esdrúxulas
Fantasias proibidas de jovens falecidos

Solidão na mesa e garrafas de cerveja
Meu coração batia piegas naquelas espumas
Nessas horas você sempre pragueja:
— Meu amor, meus lábios vermelhos são seu comensal!

Entre baforadas e fumaça
Vejo um olhar de mulher experiente
Lábios fogosos e cigarros sensuais
Eu cativo de um clitóris
Pobre demente

Porém, sei o que há por trás de seu batom
Sem sua carência eu seria apenas mais lixo
Esse vinho barato com cerveja em seu organismo
não passam de tentativas desesperadas
loucas e frustradas de preencher arbitrários vazios

Jovem cheio de amor para dar
No fim, meu bem, sou só um bicho

Vá embora de minhas lembranças!
Largue minhas sinapses!
Essa sua inconstância me cansa
Remova logo essa maquiagem
Jogue fora esse cigarro barato que acha sofisticado
Vá pra casa!

Deixe-me em paz com minhas espumas
Quero uma dor de cabeça mais forte
Misturo com vinho barato
É mais sutil, faz-me plumas
Pequenas nuances etílicas de um espírito de porco
- Decadente -

Com tantos amores niilistas
E com essa décadence de l’ineffable folie
Fico parado na madrugada sozinho, na pista
Nunca senti tanta falta de uma família

Ei, mundo suicida, o que tu deixastes para mim?
Não quero mais essa loucura, é hora de dar um fim:

Essa ilusão da sua falta me transformou no seu vinho
As fases ousadas e etílicas da existência
As etapas do caminho da vida
Os insumos preconizados
Calejados de amor
Vã filosofia, quando meu saber é sua dor

A falta é o que não me falta
E o que não me deixa mentir
Mas se eu soubesse de tudo que me mata
Meus gametas se suicidariam
Em concordata

O assassínio da linguística
Como um juiz profano do paganismo
Traz-me sua base de cálculo servil
Em resíduos amnióticos
Louco
- Vil -

E os anjos, assim, resolvem morrer
Os que eu conhecia já se foram em suicídio
A supervalorização dessa liturgia laica
Vangloria sua rebeldia clitoriana
- Paradigmática –

De maneira monárquica é o paraíso terrestre
Seu juiz estupra e em nós ejacula
É a terrível queda de anjos molestados!
Anoitece em velocidade divina,
diabolicamente sequestrados!

A escassez da falta é minha liturgia santa
Sua santidade se encontra nos testículos de seus descendentes
A concupiscência transformada em ciência se levanta
Seus ovários, amiúde, acobertam e guardam
As futuras sementes
- Dementes -

Esse é o mal estar hipocondríaco do seu útero histérico
Da sedução comuta afasias malignas
Obliteradamente fez-se em clamor profético
A contemplação fálica de gritos sinestésicos

No mais
Deixo-lhes todos os meus gametas
E levo os ovários em um saco de lixo
Malditos todos somos
Que um pouco menos de infelicidade só buscamos
Um todo mazelado cheio de caprichos.



Março de 2011

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